sábado, 26 de fevereiro de 2011

Literatura: A REVOLUÇÃO ARTÍSTICA DO INÍCIO DO SÉCULO XX

Texto e intertexto – Tela A jangada da Medusa (Théodore Géricoult) / Tela A jangada da Medusa (Asger Jorn)




1.  A tela de Théodore Géricault (1971-1824) retrata um fato real: “No verão de 1816, uma fragata francesa, Medusa, naufragou na costa da África, quando levava colonos e soldados para Senegal, então colônia francesa. O incompetente capitão era um aristocrata que obtivera sua posição por meio de influências políticas. Quando o navio afundou, ele entrou num dos poucos botes salva-vidas, deixando os passageiros, que considerava seus inferiores sociais, abandonados à própria sorte. Os 149 homens (e uma mulher) construíram uma jangada improvisada e ficaram à deriva no mar por treze dias. Apenas quinze sobreviveram nessas terríveis circunstancias, e relataram-se casos de canibalismo e loucura. Outros cinco morreram após chegarem em terra”.  (CUMMING, Robert. Para entender a arte. São Paulo: Ática, 1996.)
   A tela retrata o momento em que os sobreviventes avistam na linha do horizonte as velas do navio Argus, que iria salvá-los (o Argus é uma pequena mancha situada baixo do cotovelo do homem que agita uma camisa branca).
a.        Apesar de representar um fato real, a pintura de Géricault é romântica, idealizada. Aponte algum aspecto que comprove essa idealização.
b.        Comente um recurso utilizado pelo artista para aumentar a dramaticidade da cena.
c.        Os críticos comentam que Géricault organizou a composição da tela construindo duas pirâmides, que teriam, como ápice; o topo do mastro e a camisa vermelha agitada por um dos personagens. Essa segunda foi batizada de “pirâmide da esperança”. Justifique esse nome.
2. Asger Jorn (1914-1973), dinamarquês, foi um dos fundadores, em 1948, de um grupo radical de arte moderna autodenominado CoBrA (de Copenhague, Bruxelas e Amsterdã). A proposta do grupo, que fundia alguns princípios dos movimentos de vanguarda do início do século, era lutar “num golpe de humor, contra o verbalismo vazio, a hesitação e o centralismo”. Jorn, o principal representante do grupo, recriou algumas obras famosas, como a tela de Géricault.
   Observe atentamente a tela de Jorn e escreva um pequeno texto comentando a recriação feita pelo artista e o tipo de emoção que cada uma provoca.
3. Você acha que a arte deve sempre retratar as coisas belas, o mundo organizado e equilibrado? Por quê?


1. 

Língua portuguesa: Linguagens

Rios sem discurso
Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.
(MELO NETO, João Cabral de.
In: A educação pela pedra. Rio de Janeiro:
José Olympio. 1979, p.26.)

1.    O poeta fala de uma situação natural que tem conseqüências sociais: a seca do rio. Para isso, vale-se de uma associação entre o rio e a linguagem verbal. De que maneira ele constrói essa ligação?
2.   Uma “cheia” corresponderia a uma linguagem nova segundo a poesia. E a água em poço? Observe os adjetivos que lhe são atribuídos e explique o sentido.
3.   A língua é um código sistematizado. Explique de que maneira o autor explora essa característica ao fazer a analogia com um rio que secou.
4.   O autor introduz duas palavras compostas: “discurso-rio” e “sentença-rio”. Comente a diferença de significado dos termos dentro do contexto do poema e levando em conta as noções de linguagem estudadas.
5.   Relacione e contraponha os dois últimos parágrafos do texto “Mé” aos dois últimos versos do poema. Explique o uso das palavras “poder” e “combate” ligadas ao uso da linguagem.

Redação: Coesão e Coerência textuais

Sean Penn salva melodrama
“UMA LIÇÃO DE AMOR, Jessie Nelson. Bons atores são capazes de melhorar filmes medianos com atuações maiúsculas. É o caso de Sean Penn nesse drama familiar-judiciário. Ele está ótimo como um deficiente mental, fanático pelos Beatles, que luta pela guarda de sua filha de 7 anos. Embora pareça uma daquelas "atuações shows", na qual o exibicionismo da composição ofusca a construção do personagem, Penn desaparece parece por trás de sua interpretação. Cria um tipo com verdade própria, sem expor os macetes do processo criativo. Seu minucioso trabalho com o corpo e a voz alavanca um filme que, sem ele, ficaria reduzido a um melodrama feito para arrancar lágrimas. De fato, é isso. Mas a força do ator garante dignidade às manipulações emocionais da história. É difícil não se render a cenas nas quais seu personagem desafia as próprias limitações em nome do amor pela filha. Penn capricha tanto que faz a colega Michelle Pfeiffer, no papel de sua advogada, parecer uma novata perdida em cena. Seu rendimento foi indicado ao Oscar. Ele disse que vai dar cano na festa. Também furou quando concorria por Os Últimos Passos de um Homem e Poucas e Boas. Acha a cerimônia constrangedora.”
Revista Época, n. 200, 18 de Marc. 2002, p. 104.

1.    Qual é o tema central do artigo? De que maneira é desenvolvido?
2.   Considerando que um texto, como um todo, deve manter uma ligação lógica de significados, sem contradições, e que essa relação harmônica se dá, também, entre o texto e seu título, explique se o título do artigo mantém uma relação lógica com o seu conteúdo.
3.   Explique qual é a função do uso recorrente do pronome pessoal ele e dos pronomes possessivos seu e sua ao longo do texto.
4.   Releia o texto e identifique a que fazem referencia os pronomes em destaque.
“... que luta pela guarda da filha de 7 anos.”
“De fato, é isso.”
5.   Observe os trechos abaixo e explique que tipo de relação as conjunções destacadas estabelecem entre as orações. “Embora pareça uma daquelas ‘atuações shows’, na qual o exibicionismo da composição ofusca a construção do personagem, Penn desaparece por trás de sua interpretação.” “De fato, é isso. Mas a força do ator garante dignidade às manipulações emocionais da história.”

Produção textual
         Proposta 1:
Reescreva o artigo de abertura, modificando-o para ter uma ligação coerente com o título:
                 “Sean Penn estraga bom drama”
Lembre-se: a coerência do texto é dissertativa. Preste atenção no uso de conectivos para estabelecer as relações de sentido.

Literatura: A arte literária


1.    Quando textos dialogam, apresentando pontos de contato, ocorre o que chamamos intertextualidade, que pode se dar entre dois textos verbais ou entre dois texto não-verbais ou, ainda, entre um texto verbal e outro não-verbal.
a.    Observe atentamente as duas pinturas, seus títulos e datas, e responda: como se dá a intertextualidade entre elas?
b.   Como se dá a intertextualidade entre as telas e o poema?
2.   Em relação às telas:
a.    Qual a provável atividade da negra retratada por Tarsila do Amaral?
b.   Como poderíamos interpretar as pernas cruzadas da negra?
c.    A Negra é considerada a primeira pintura efetivamente moderna realizada por um artista brasileiro. Foi esboçada e pintada em 1923, quando Tarsila do Amaral estudava pintura em Paris. No entanto, é uma tela tipicamente tropical. Que elemento da tela reforça essa ideia?
3.   Considerando que turina é denominação da fêmea de uma espécie de gado bovino leiteiro, que ioiô era o tratamento que os escravos davam ao senhor branco e que mucama designava a escrava jovem, ama-de-leite, que denúncia faz o poema do alagoano Jorge de Lima?
4.   Considerando que o texto literário é fruto de uma especial seleção e arrumação das palavras, releia os dois últimos versos e:
a.    Reescreva-os, colocando os termos na ordem direta;
b.   Comente o efeito obtido pelo poeta com a ordem escolhida por ele.


http://www.4shared.com/file/GyiminFk/A_arte_literrio_Pai_Joo_-_Jorg.html

Língua portuguesa: Linguagens

Luís Fernando Veríssimo –
"Mé", copyright O Estado de S. Paulo, 30/01/01.
"Um dia, não se sabe como nem por que, os carneiros começam a falar. O primeiro caso é na Austrália: um está sendo tosado e quando o aparelho pinica a sua pele solta um ‘Ai!’ e depois um ‘Cuidado, pô’, ou o equivalente em inglês australiano.
Depois surgem notícias de que um fazendeiro americano flagrara um grupo de carneiros cochichando entre si. Tinham parado ao ver o fazendeiro, e disfarçado, mas o fazendeiro ouvira o bastante para desconfiar que estavam tramando alguma coisa, talvez uma fuga. O certo é que falavam, ou cochichavam, como gente.
Depois é num abatedouro, na Europa. Quando chega a sua vez de ser abatido, um carneiro começa a gritar ‘Não! Não!’ e tem que ser retirado da fila para não agitar os outros. É o único carneiro do lote a ser sedado antes da execução.
Algumas semanas depois, não um, mas vários carneiros protestam em altos brados antes de serem abatidos. Gritam coisas desconexas, mas é claro que têm uma noção do fim que os espera, e, se sua argumentação é confusa, sua inconformidade é clara.
Um pastor da Nova Zelândia conta que passou a conversar com seus carneiros depois que um, para a sua surpresa, lhe disse ‘Bom dia’. Confirma que nenhum tem um discurso, assim, muito coerente, dada a sua pouca familiaridade com a fala, e alguns recaem num ‘mé, mé’ automático enquanto tentam sistematizar o pensamento. Mas, se eles não têm uma idéia definida do que querem, sabem bem o que não querem. Não querem mais ser tratados como carneiros.
Instala-se o pânico, primeiro na indústria da carne (como se não bastasse a vaca louca, agora o carneiro loquaz!), depois em outros setores da economia mundial. Se os ovinos falam, o que impedirá os suínos de também se manifestarem? E os bovinos de pedirem a palavra? E se a rebeldia se alastrar pelo mundo vegetal? E se as árvores inventarem de gemer de dor e gritar slogans ambientalistas à mera aproximação de uma motosserra? Em breve todas as comodidades do mundo estariam dando palpite sobre o seu próprio destino.
Seria o caos.
Alguns analistas sustentam que os carneiros falantes são um fenômeno passageiro. Outros dizem que só falar não dá aos carneiros nenhum poder, e que eles podem continuar sendo tratados como carneiros - embora, claro, a velha passividade fosse preferível à nova tagarelice, e os protestos na hora da morte peguem mal em termos de RP. E, afinal, as manifestações de carneiros são esparsas, em lugares dispersos, e não são uma ameaça tão grande assim.
- Mas - lembra alguém, dando voz ao grande medo... - E se eles fizerem um fórum?"

1.        O texto que você acabou de ler trata, de maneira engenhosa e irônica, dos protestos contra a globalização: o autor emprega a metáfora uma figura de linguagem que se fundamenta numa relação de semelhança, comente a metáfora que sustenta o texto.
2.       O texto extrapola a realidade ao atribuir uma característica exclusivamente humana aos carneiros – a produção de linguagem (“carneiro loquaz”) – e, dessa maneira, fazer referência aos grupos de protesto. A linguagem “carneriana”, porém, é marcada por vários problemas. Identifique-os e comente-os.
3.       Releia o penúltimo parágrafo e responda: só o fato de falar dá aos carneiros algum poder? Apresente algum argumento para sustentar sua resposta.
4.       Considerando que fórum era a praça pública na Roma antiga e que nesse espaço eram debatidos grandes temas, comente a última frase do texto, destacando o que representaria um fórum para a manifestação dos carneiros.

Retorno à rotina

Volta às aulas com o pé direito
                                 [Paula Dely]

As aulas ainda nem começaram, e você já está de cabelo em pé só de pensar em ter de acordar cedo, nas provas que vêm pela frente e na marcação cerrada dos pais com relação a notas e horários?
 Pois é, a volta às aulas pode ser motivo de felicidade, pois é hora de rever os amigos, contar as novidades, etc., mas sempre resta aquele sentimento de tristeza porque as férias acabaram.
 Nada mais de festas todo fim de semana, encontros diários com amigos e poder dormir e acordar a hora que quiser. Você fica divagando sobre as férias que estão passando e, quando se dá conta, as aulas já começaram. Pode acontecer até mesmo de você não ter sequer arrumado o material escolar, comprado os cadernos ou de o quarto estar tão bagunçado que é impossível você achar o que procura. Enfim, a confusão está formada. Depois de alguns meses de descanso, é natural que você demore um pouco para voltar ao ritmo normal de estudo e fique disperso, desatento, irritado, meio “devagar” e fugindo da realidade, que é entrar no ritmo novamente.
 Pois bem, quem sabe não é hora de mudar um pouquinho e tentar fazer dos últimos dias de descanso uma preparação para o ano que vem pela frente?
 Organizar melhor o tempo de dever e estudo não é uma tarefa fácil e se torna ainda mais difícil quando regressamos de um período de relaxamento, em que até nosso corpo se adaptou a uma rotina diferente. Para que essa mudança seja menos sofrida, veja as seguintes dicas, que podem transformar a volta às aulas em um motivo de alegria para você começar o ano “com o pé direito”.
  . Não espere as aulas ganharem ritmo acelerado para se organizar. Comece, desde já, a mexer no material e a dar uma “espiadinha” nos conteúdos que vai aprender. Assim, você já entra no ritmo das aulas, e a mudança de rotina será mais suave.
 . Aprenda a administrar seu tempo para que consiga realizar tanto as atividades prazerosas quanto cumprir as obrigações relacionadas à escola. Isso não significa que você deve ficar “refém” do relógio e programar tudo o que vai fazer nas 24 horas de cada dia, mas, sim, que deve ajustar o tempo a seu favor.
 . Uma maneira de controlar o seu tempo é deixar de fazer tudo sob pressão e em cima da hora. A melhor saída é ir organizando-se aos poucos com relação a como estudar ao longo do ano: com calma e sem pressões, sem deixar para estudar na véspera das provas e ser obrigado a passar noites em claro para fazer aquilo que deveria vir fazendo há muito tempo.
 . Aprenda a organizar as tarefas. Você pode ter inúmeras coisas importantes para fazer, mas definir as urgências é muito útil. É fundamental ter noção de prioridades, ou seja, saber que, se não fizer determinada tarefa, poderá ter prejuízos muito grandes no futuro, os quais podem até impedir as atividades prazerosas.
 . Por fim, não se esqueça de sempre deixar um tempo de seu dia para realizar as atividades de que gosta, como ver os amigos, falar ao telefone, assistir a um filme, ler um livro, etc., pois elas ajudam a dar estímulo para a realização de outras tarefas.
 Seguindo essas dicas, o ano certamente vai correr bem, e vai sobrar tempo para o lazer e para aproveitar ao máximo e com tranqüilidade tudo o que você planejou.
Disponível em:
http://www.educacional.com.br/falecom/psicologa_bd.asp?codtexto=509

Questionário
1.    Dos itens citados no primeiro parágrafo, o que você considera como sendo pior. Justifique sua resposta.
2.   No segundo parágrafo, a autora sugere que voltar às aulas pode ser motivo de felicidade. Entretanto, a conjunção adversativa “mas” traz dois lados distintos. Quais são eles?
3.   Tente definir o que vem a ser “divagar” – terceiro parágrafo - apenas pelo contexto.
4.   Segundo o texto, quais são os principais motivos que tornam a volta às aulas uma confusão? E o que a autora sugere?
5.   Que relação o estudante deve ter com o tempo na hora de ajustar obrigações e lazer?
6.   Escreva em, no máximo, 10 linhas, o que pretende seguir como objetivo, de acordo com as sugestões do texto lido.

Volta às aulas

É, as férias estão terminando e um novo ano letivo está às portas.



Este princípio é sempre marcado pela insegurança. Dos alunos por não saber quem serão seus professores, os colegas de classe, a nova escola... os professores porque não sabem como são seus alunos, os novos professores  na escola, os horários...
É um momento normal de se sentir medo. Eu, mesmo como docente[1] relativamente experiente, sinto um frio na barriga no primeiro contato com os novos alunos. É normal sentir medo, mas ao longo de mais de 10 anos frequentando escolas como professor, já percebi que esse excesso de ansiedade é desnecessário. Muitas expectativas são quebradas e até o mal estar pela possibilidade de encontrar com velhos problemas não se confirma na maioria das vezes.

O QUE FAZER SE VOCÊ É ALUNO E AINDA ASSIM ESTÁ INSEGURO?
No primeiro dia de aula chegue mais cedo para ter tempo de se aproximar e conversar com as pessoas;

Estabeleça um bom relacionamento com os novos professores. Não confunda, no entanto, liberdade com libertinagem;

Trate todos os funcionários da escola com educação e respeito. Eles estão ali para ajudá-lo, mas não espere que aceitem as mesmas manhas que seus pais costumam aceitar;

Organize-se. Confira se todo o material necessário está dentro da mochila, separe o uniforme;

Durma mais cedo. Uma boa noite de sono nos faz muito mais agradáveis;

Tome um café da manhã reforçado ou leve um lanche para ser comido, apenas, na hora do intervalo.

É isso, desejo a todos um bom retorno às aulas.



[1] adj. m. e f. Que ensina. S. m. e f. Professor, lente. Antôn.: discente.