segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Morfossintaxe: adjetivo

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Polêmica didática sobre conto de Ignácio de Loyola Brandão



ENSINO MÉDIO - [21/08/1o]
Livro com conto erótico causa polêmica em escolas
Cruzeiro on-line

O conto tem gerado reclamação por parte dos pais
O conto “Obscenidades para uma dona de casa”, de Ignácio de Loyola Brandão, que faz parte da coletânea “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século”, distribuída pela Secretaria Estadual da Educação aos alunos da terceira série do Ensino Médio, causou polêmica também em Votorantim. Pais de estudantes de Jundiaí também se manifestaram contrários à leitura específica do texto. A coletânea, distribuída pelo Programa “Apoio ao Saber”, teria sido bem aceita como um incentivo à leitura, não fosse o conto de Ignácio de Loyola Brandão.
“Com texto até mesmo pornográfico”, disse uma inspetora de alunos de uma escola de Votorantim, avó de uma estudante de 17 anos. Embora não queira aparecer, a inspetora diz que a sociedade deve discutir a forma que o Estado está educando os jovens. Acostumada ao ambiente escolar, ela diz que mesmo os alunos do antigo 3º colegial, entre 15 e 17 anos, não têm maturidade para compreender aquele tipo de leitura. O conto retrata uma mulher casada, que recebe cartas anônimas descrevendo atos sexuais.
Para a inspetora, mesmo com toda informação que existe hoje, “é preciso analisar de que forma as coisas serão passadas. Além disso, há o constrangimento na sala de aula e o fato de que o livro não ficará restrito a esses alunos, podendo chegar às mãos dos mais jovens”. A dona de casa Rita de Cássia Ferraz Públio, cuja filha de 17 anos recebeu o livro, também se disse chocada: “não sei se estou ultrapassada, mas se fosse para discutir a sexualidade na sala de aula, deveria ser de outro jeito, e não por meio de termos tão chulos”, definiu. O porteiro Joaquim Álvaro da Nóbrega Júnior, 23 anos, classificou o conto como “pornográfico”.
Opiniões divergentes
Para o coordenador do curso de Letras da Universidade de Sorocaba (Uniso), Roberto Gil Camargo, “o conto de Loyola provoca o leitor com termos que este conhece e sabe que existe, mas não quer ouvir. Penso que antes de ir atacando uma obra literária como se ela fosse uma ideia perigosa, os pais e os professores deveriam discutir a questão da sexualidade com os adolescentes, de forma mais aberta e crítica, como deveriam, também, discutir a miséria, a fome e a destruição do planeta”.
Ele também avalia que “a sexualidade não forma nem deforma pensamento crítico. Na época da Internet, toda informação está exposta. Ainda bem, pois a informação não tem dono: ela afeta, contamina, transforma, faz a espécie evoluir”.
Já a professora universitária, doutora em Psicologia da Educação, Sônia Chebel Mercado Sparti, tem ressalvas por entender que nessa faixa etária, os jovens “estão ainda em formação, com muita curiosidade e também em meio a muito silêncio”. Ela explica que ainda hoje as famílias têm dificuldade em discutir sexo e sexualidade com os filhos, e o impacto do conto acaba sendo negativo, com o adolescente podendo achar que aquele é o modelo correto.
Sem se sentir impressionada pelos termos, mas pela forma de como a mulher é exposta, numa situação pendendo ao adultério, Sônia Chebel acredita que nesse caso o conto presta mais um desserviço do que uma contribuição. No seu ponto de vista, o conto por vezes mostra o sexo como um ato violento, ou ainda tratando tanto a figura feminina como a masculina como objeto. E questiona o porquê de, “em meio a tanta literatura, qual o benefício de incluir esse conto para os alunos do 3º ano do Ensino Médio?”
Incentivo à leitura
A Secretaria do Estado da Educação informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que o livro “Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século” foi analisado e aprovado por uma comissão composta por professores de renomadas universidades, como a USP e a Universitat Heidelberg, da Alemanha, antes de seguir para as escolas. A sua distribuição, pelo Programa Apoio ao Saber, foi feita apenas para estudantes do 3º ano do Ensino Médio.
A Secretaria explica que os autores da coletânea têm textos frequentemente utilizados em exames vestibulares, além do que a “literatura tem um papel muito importante na formação da identidade cultural nacional, tanto pela difusão da língua como pela representação de mundo”, recriando realidades em suas múltiplas faces, e colocando em pauta questões sociais e históricas. “Esse exercício pode ajudar no amadurecimento e desenvolvimento da consciência crítica”, enfatiza. Defende que “textos literários que retratam a condição humana, tais como a miséria, a sexualidade, as relações de poder, a tolerância ou a intolerância religiosa, a violência contra o idoso, a criança ou a mulher, os preconceitos em geral são oportunidades previstas nos documentos legais para que a escola exerça sua função de ensinar e educar”.
Ainda segundo a assessoria, não tem motivo para que uma obra de arte, considerada por críticos e educadores adequada para uma determinada faixa etária na rede privada, não seja oferecida. A nota oficial destaca também que o Governo do Estado se esforça para estimular o hábito da leitura em seus alunos, favorecendo o aprendizado. E que foi por esse motivo que criou programas como o “Ler e Escrever” e o “Apoio ao Saber”. (Por Adriane Mendes)
Matéria disponível em:
O Conto “Obscenidades para uma dona de casa”, de Ignácio de Loyola Brandão: