quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Origem da Língua Portuguesa

Em Roma se falava o latim. Com as guerras e as conquistas romanas, esse idioma expandiu-se por toda a Europa. Os romanos impuseram sua língua, sua cultura e seus costumes aos povos conquistados (romanização). 

Para garantir a dominação política, os romanos exigiam que, em todo vasto Império, o latim fosse de uso obrigatório nas escolas, nas transações comerciais, nos documentos, nos atos oficiais e no serviço militar. 

Entretanto,  o  contato  dos  romanos  com  a  cultura  grega  se  deu  de  forma  contrária:  foi  o  latim  que  incorporou  uma  grande quantidade de palavras gregas que, consequentemente, também vieram a fazer parte da língua portuguesa.

Todavia, não foi o latim clássico, literário, usado pelos grandes escritores romanos (Cícero, Horácio, César, Virgílio, etc.), que foi imposto às populações dominadas. Foi o latim vulgar, falado pelos soldados romanos. 

Aos poucos, os povos dominados absorveram o falar dos romanos, que se misturou com os falares regionais, originando as língua neolatinas: português, espanhol, francês, italiano, romeno, galego e outras. 

Por volta do século VIII d.C., os árabes invadiram a Península Ibérica, aí permanecendo por sete séculos, sem conseguir impor a língua árabe. Todavia, muitas palavras árabes passaram a fazer parte da língua portuguesa, como: algarismo, alface, álgebra, álcool, alcachofra, algodão, alfafa, etc. 

A língua portuguesa é atualmente a quinta mais falada do mundo, com mais de 200 milhões de falantes. A comunidade Lusófona é constituída por: 

a. Portugal, Ilhas da Madeira, dos Açores e Cabo Verde; 
b. Brasil; 
c.  Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe (na África); 
d. Goa, Macau, Timor (na Ásia). 

Com a globalização, o uso da Internet, as transações comerciais e o crescente interesse do mundo pela América Latina, o estudo da língua portuguesa em outros países vem aumentando ultimamente. 

Em alguns lugares da África e da Ásia, como Siri-Lanka, Macau, Java, Málaca, Cabo Verde, Guiné, Cingapura, a língua portuguesa, em contato com os idiomas dos nativos, sofreu muitas alterações, dando origem ao dialeto crioulo, usado nas transações comerciais. 

Os colonizadores portugueses trouxeram para o Brasil a cultura e a língua portuguesa. Esta foi sendo enriquecida com vocábulos de origem indígena, africana e de outros povos imigrantes. 

Assim temos, de proveniência indígena, muitos nomes de lugares, utensílios, alimentos, flora e fauna, como: Curitiba, Paraná, tatu, saci, abacaxi, lambari, carioca, mandioca, etc. 

De proveniência africana temos: macumba, cachaça, moleque, quindim, jiló, marimbondo, cochilo, tanga, samba, etc. 

No português de hoje, podemos  encontrar palavras provenientes do italiano (pizza, espaguete, tchau), do inglês (gol, clube, sanduíche, hambúrguer, deletar) e do francês (toalete, abajur, penhoar) e de outros idiomas. 

A língua de um povo tende a se modificar (evoluir) através dos tempos, criando, conforme as necessidades, novas palavras e, às vezes, deixando outras em desuso. 

Àquelas palavras que vão desaparecendo chamamos arcaísmos e às novas, neologismos

Assim, são arcaísmos: leixar (deixar), filhar (tomar, pegar), nato (nascido), etc.  

São neologismos: xérox, xerocar, digitar, doleiro, etc. 

QUESTIONÁRIO 
1. Que idioma originou a língua portuguesa? 
2. Que faziam os romanos para garantir a dominação sobre os povos conquistados? 
3. Como as palavras gregas vieram a fazer parte de nosso vocabulário? 
4. Que é latim clássico? 
5. Que é latim vulgar? 
6. De que tipo de latim se originaram as línguas neolatinas? 
7. Quais são as línguas neolatinas? 
8. Cite algumas palavras de origem árabe, africana e indígena que passaram para a língua portuguesa. 
9. Que são arcaísmos? 
10. Que é neologismo? Dê exemplos.

VERSÃO PARA IMPRESSÃO (Disponível em PDF):

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

SINTAXE: TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO


Aluno(a):__________________________________________________________ Série: __________ Data:____/____/________
Disciplina: Língua Portuguesa           Prof. Max Jefferson          
Blog: www.barroquessencia.blogspot.com.br

1.   Divida os enunciados abaixo em seus termos essenciais: sujeito e predicado, destacando, no sujeito, a palavra que funcionar como núcleo.
a.    “O locutor anunciava as novas medidas econômicas...”
b.   Chegaram ao Brasil o presidente e o primeiro-ministro.
c.    Foi oferecido um jantar a todos os convidados.
d.   A África do Sul está descobrindo o valor de suas riquezas ecológicas.
e.    O passageiro está tendo muito mais liberdade em sua escolha.
f.    As massas importadas da Itália conquistam o paladar dos consumidores brasileiros.
g.    “Os gênios nacionais não são de gerações espontâneas.”
h.    O gênio explosivo foi notado logo no início de sua carreira.
i.    Eram vistos, através da janela, o rouxinol e a cotovia.
j.    Aconteceram, naquela estrada, dois acidentes fatais.

2.  Classifique o sujeito das orações seguintes, utilizando o seguinte código:


I.        Sujeito simples
II.       Sujeito composto
III.      Sujeito oculto
IV.      Sujeito indeterminado
V.       Oração sem sujeito


a.    “O casamento foi marcado para três dias após o aniversário da morte de mamãe.”
b.   “Papai e Madalena foram chamados ao colégio.”
c.    No vídeo, gosto dos filmes românticos.
d.   Assassinaram mais um líder rural.
e.    Havia, pelo menos, quatro suspeitos.
f.    Chegaram o mapa e os dicionários.
g.    Necessita-se com urgência de assistentes.
h.   Anoiteceu rapidamente.
i.    Chovem bênçãos sobre a multidão.

3.  Transforme as frases abaixo em orações sem sujeito, fazendo as devidas alterações.
a.    Existem ainda daquela remessa quarenta blocos.
b.   Deviam existir mais pessoas interessadas naquela vaga.

4.  Marque:
I.        Para partícula apassivadora.
II.       Para índice de indeterminação do sujeito.
a.    Alugam-se casas na praia.
b.   Precisa-se de datilógrafas com prática.
c.    Plastificam-se documentos.
d.   Confia-se no trabalho daquele pedreiro.
e.    Necessita-se de verba com urgência.

5.  Na frase:
“Não se faz mais motocicletas como antigamente”
Aponte e classifique o sujeito.

6.  Indiquem as orações que apresentam sujeito indeterminado.
a.    Falaram muito mal de você.
b.   Falou-se muito mal de você.
c.    Falou-se a verdade.
d.   Consertaram-se os vidros quebrados.
e.    Naquela sala, deve haver umas quarenta pessoas.

7.  Nas orações abaixo destaque e classifique os predicados.
a.    Viajo todos os domingos.
b.   A sala está cheia.
c.    Márcia está doente.
d.   Márcia anda pelas ruas.
e.    Márcia anda pelas ruas doente.
f.    Consideraram aquela proposta indecorosa.
g.    O professor deixou o aluno constrangido.
h.   O aluno deixou a sala nervoso.
i.    O vento virou a canoa.

8.  Transforme as orações seguintes numa única oração que contenha predica- verbo-nominal.
a.    Fabiano marchava e estava tenso.
b.   Ficamos em casa e permanecíamos apreensivos.
c.    O rapaz estudou a lição e estava preocupado.

9.  (PUC-SP) Na oração:
“A inspiração é fugaz, violenta.”
Podemos dizer que o predicado é:
a.    Verbo-nominal, porque o verbo é de ligação e vem seguido de dois predicativos.
b.   Nominal, porque o verbo é de ligação.
c.    Verbal, porque o verbo é de ligação e são atribuídas duas caracterizações ao sujeito.
d.   Verbo-nominal, porque o verbo é de ligação e vem seguido de dois advérbios de modo.
e.    Nominal, porque o verbo tem sua significação completada por dois nomes que funcionam como adjuntos adnominais.

10. Na frase:
“Via-se grande e formosa a borboleta.”
Destaque e classifique o sujeito.

11.  (OSEC-SP) Nas seguintes orações:
“Pede-se silêncio.”;
“A caverna anoitecia aos poucos.”;
“Fazia um calor tremendo naquela tarde.”
O sujeito se classifica, respectivamente, como:
a.    Indeterminado, inexistente, simples.
b.   Oculto, simples, inexistente.
c.    Inexistente, inexistente, inexistente.
d.   Oculto, inexistente, simples.
e.    Simples, simples, inexistente.

Disponível em PDF: http://www.mediafire.com/?y0zah3yu7hzl7ft

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Trovadorismo


CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL
As origens da literatura portuguesa remonta ao século XII, quando Portugal se constitui como um país independente. Nessa época, com a unificação da linguagem de Portugal e Galiza, passou-se a utilizar a língua galego-portuguesa.
Dois traços marcantes devem ser lembrados para uma visão da sociedade da época: o teocentrismo, no plano religioso, e o feudalismo, no plano político-econômico.
Com o teocentrismo, isto é, a centralização da vida humana em Deus, expressava-se a intensa religiosidade, que acompanhou toda a luta dos portugueses empenhados na expulsão dos mouros da Península Ibérica.
Com o feudalismo, os nobres que possuíssem feudos exerciam os poderes do governador por meio de um sistema de vassalagem. Os vassalos obedeciam ao senhor e o serviam pela proteção e ajuda econômica que dele recebiam. Esse sistema de vassalagem refletiu-se na poesia trovadoresca, principalmente nas cantigas de amor.
É uma cantiga de amor o primeiro documento literário português, datado de 1189 (ou 1198). Trata-se da Cantiga da Ribeirinha (ou “da Guarvaia”), do poeta Paio Soares de Taveirós, dedicada a D. Maria Paes Ribeiro, a Ribeirinha.
Os poetas dessa época eram chamados de trovadores. A palavra trovador vem do francês trouver, que significa “achar”, “encontrar”.
As poesias trovadorescas estão reunidas em cancioneiros.
Os principais trovadores foram: João Soares de Paiva, Paio Soares de Taveirós, o rei D. Dinis, João de Guilhade, Afonso Sanches, João Zorro, Aires Nunes, Nuno Fernandes Torneol.
O mais famoso deles foi D. Dinis, o Rei Trovador.

TIPOS DE CANTIGA
Havia dois tipos de cantiga:
1.       A cantiga lírico-amorosa, que se subdividia em cantiga de amor e cantiga de amigo.
2.       A cantiga satírica, que podia ser de escárnio ou de maldizer. Veja, a seguir, as principais características de cada um.

CANTIGA DE AMOR
Quem fala no poema é um homem, que se dirige a uma mulher da nobreza, geralmente casada. Esse amor se torna impraticável pela situação da mulher. O homem sofre, coloca-se numa posição de vassalo, isto é, de servo da mulher amada.

A RIBEIRINHA (CANTIGA DE GUARVAIA)
No mundo non me sei parelha,
mentre me for como me vai,
ca já moiro por vós – e ai!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraia
quando vos eu vi en saia!
Mau dia me levantei,
que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, dês aquel di’, ai!
me foi a mi mui mal,
e vós, filha de don Paai
Moniz, e ben vos semelha
d’haver eu por vós guarvaia,
pois eu, mia senhor, d’alfaia
nunca de vós houve nem hei
valia d’ua correa.

VOCABULÁRIO:
Parelha = igual, semelhante
Mentre = enquanto, entrementes
Ca = pois, porque
Mia senhor = minha senhora
Retraya = retrate, evoque
Que vus enton non vi fea = o autor quis dizer: “que então vos vi linda”
Semelha = parece
Guarvaya = manto escarlate próprio dos reis
Alfaya = presente, joia
Ouve = tive, recebi
Ei = tenho

CANTIGA DE AMIGO
O trovador coloca como personagem central uma mulher solteira, de classe popular. Pela boca do trovador, ela canta a ausência do amigo (amado, namorado) que está afastado a serviço do rei, em expedições ou em guerras.

“- Ai flores, ai flores do verde’ pino,
Se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
Se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?”

VOCABULÁRIO:
Pino = pinheiro
Sabedes = sabeis
Novas = notícias
Amigo = namorado
U é = onde está ele

CANTIGA SATÍRICA
Ora se chama cantiga de escárnio, ora de maldizer. Esse tipo de cantiga procurava satirizar (ridicularizar) pessoas e costumes da época. A poesia trovadoresca tem sua importância como documento de história de nossa língua, de costumes da época e como inspiradora do lirismo de poetas de escolas posteriores, até nossos dias.

“Conheceis uma donzela
Por quem trovei e a que um dia
Chamei Dona Berinjela?
Nunca tamanha porfia
Vi nem mais disparatada.
Agora que está casada
Chamam-lhe Dona Maria.”

VOCABULÁRIO:
Porfia = discussão

QUESTIONÁRIO
1.       Que texto é considerado o primeiro da literatura portuguesa, quem o escreveu e quando?
2.       Qual é a origem da palavra trovador?
3.       Quais são os tipos de cantigas?
4.       Leia o poema “A Ribeirinha” e responda:
a.       Quem fala no poema é o cavalheiro ou a dama?

b.      Cite dois versos em que é exaltada a amada?

domingo, 8 de setembro de 2013

GÊNEROS LITERÁRIOS

Gêneros são as diversas modalidades de expressão literária.
Entre os principais gêneros, temos: o lírico, o épico (ou narrativo), o dramático, etc.

1.       GÊNERO LÍRICO
O gênero é lírico quando predominam, na obra literária, os sentimentos e as emoções. No gênero lírico o escritor revela o seu mundo interior, o seu modo próprio de pensar, de sentir e de interpretar o mundo, as pessoas, as coisas. Por esse motivo, o gênero lírico é subjetivo.
O gênero lírico recebe esse nome porque os poemas eram originalmente recitados ao som de um instrumento musical chamado lira.
Leia os textos a seguir, e observe como neles predominam os sentimentos e as emoções do escritor:

TEXTO I
Já eras moça... Eu, um menino...
Como contar-te o que passei?
Seguiste alegre o teu destino...
Em pobres versos te chorei.
Teu caro nome abençoei.

Vejo-te agora. Oito anos faz,
Oito anos faz que não te via...
Quanta mudança o tempo traz
Em sua atroz monotonia!
Que é do teu riso de alegria?
[Manuel Bandeira, A cinza das horas]

TEXTO II
Tu moça; eu quase velho... Entre nós dois, que horror,
Vinte anos de distância. Entre nós dois, mais nada.
E hoje, pensando em ti, pus-me a sonhar de amor
Somente porque vi por acaso, na estrada,
Sobre um muro em ruína uma roseira em flor...
[Vicente de Carvalho, Poemas e canções]

2.       GÊNERO ÉPICO OU NARRATIVO
No gênero épico, o autor se liberta de seu eu e trata com objetividade o ser humano diante dos mais variados acontecimentos.
As obras épicas ou narrativas são chamadas epopeias, isto é, longos poemas em que um narrador conta e celebra as aventuras e feitos grandiosos de heróis auxiliados por deuses.
Entre as grandes epopeias, podemos citar: Eneida (do poeta romano Virgílio), Ilíada e Odisseia (do poeta grego Homero), a Divina Comédia (do poeta italiano Dante Alighieri) e Os Lusíadas (do poeta português Luís Vaz de Camões, que será estudado no capítulo Classicismo).
Na Divina Comédia o poeta narra sua suposta passagem pelo inferno, purgatório e paraíso. Neste último encontra Beatriz, sua amada. Com Os Lusíadas, Camões narra as grandes navegações portuguesas e suas descobertas além-mar.
A concepção moderna de epopeia inclui também os romances que tratam de temas universais, tais como: Os miseráveis, do escritor francês Victor Hugo; Guerra e paz, do russo Leon Tolstoi; A comédia humana, do francês Honoré de Balzac; O Guarani, de José de Alencar; Os sertões, de Euclides da Cunha; Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa.

3.       GÊNERO DRAMÁTICO
O gênero dramático é um gênero representativo, isto é, atores representam (encenam) um texto. Para dar vida e movimento ao texto, o gênero dramático recorre a luzes, sons, cores, cenários, vestimentas apropriadas, coreografias, etc. As representações teatrais apresentam cenas trágicas (tragédia) ou cômicas (comédia), geralmente com intenção de criticar os costumes da sociedade ou a vida política.

OBSERVAÇÃO:
Dificilmente uma obra se enquadra em apenas um gênero literário. Os romances, por exemplo, apesar de narrativos (épicos, portanto), estão cheios de lirismo.


LEIA, A SEGUIR, O INÍCIO DA PEÇA “O PAGADOR DE PROMESSAS”, DE DIAS GOMES.
PRIMEIRO ATO
Primeiro Quadro
(Olhando a igreja.) É essa. Só pode ser essa.

Rosa pára também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma revolta que se avoluma.

Rosa
E agora? Está fechada.

É cedo ainda. Vamos esperar que abra.

Rosa
Esperar? Aqui?

Não tem outro jeito.

Rosa
(Olha-o com raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato.) Estou com bolha d’água no pé que dá medo.

Eu também. (Num rito de dor, despe uma das mangas do paletó.) Acho que os meus ombros estão em carne viva.

Rosa
Bem feito. Você não quis botar almofadinhas, como eu disse.

(Convicto.) Não era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em almofadinhas.

Rosa
Então: se você não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer nada.

Não era direito. Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não uso almofadinhas.

Rosa
Não usou porque não deixaram.

Não, nesse negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde o crédito. De outra fez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz: – Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos os outros ficam sabendo.

Rosa
Será que você ainda pretende fazer outra promessa depois desta? Já não chega?...

Sei não... a gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom ter sempre as contas em dia.

Ele sobe um ou dois degraus. Examina a fachada da igreja à procura de uma inscrição.

Rosa
Que é que você está procurando?

Qualquer coisa escrita... pra gente saber se essa é mesmo a igreja de Santa Bárbara.

O PAGADOR DE PROMESSAS
A peça apresenta Zé-do-Burro, homem simples, cheio de religiosidade misturada com superstição e ignorância, que faz a promessa de levar uma enorme cruz até a igreja de Santa Bárbara. Rosa, a esposa, o acompanha.

4.       OUTROS GÊNEROS
Há ainda outros gêneros: o satírico, que coloca em ridículo uma pessoa ou situação; o oratório (discurso, sermão), o epistolar (cartas); o didático (com intenção de ensinar); o humorístico; o jornalístico, etc.

DISCUTINDO OS GÊNEROS
1.       Que são gêneros literários?
2.       Quais são as características do gênero literário?
3.       Que temas o gênero lírico aborda com maior frequência?
4.       Qual é a origem da palavra LIRÍCO?
5.       Em que o gênero lírico difere do gênero épico?
6.       Cite algumas obras famosas (e seus respectivos autores) que pertencem ao gênero épico.
7.       Que é gênero dramático?
8.       Por que as representações teatrais assumem grande importância em nossos dias?
9.       As obras literárias se enquadram apensa dentro de um único gênero?

10.   Que é gênero satírico?

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

2º Ano [Alberto Torres] - Poema de Álvares de Azevedo


LEMBRANÇA DE MORRER
No more! Oh never morer!

Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
... Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade... é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade... é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai... de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos... e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei... que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores...
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo...
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua pratear-me a lousa!

VOCABULÁRIO:
No more! Oh never more! = Não mais! Oh, nunca mais!
Passamento = morte
Dobre = toque
Desterro = exílio
Errante = sem rumo
Embelecia = tornava belo
Velar = cuidar, proteger
Definhas = esgota, acaba, consome
Seio = coração, peito
Preludia = toca, canta, anuncia
Lousa = túmulo

quarta-feira, 31 de julho de 2013

1º Ano "C" [Alberto Torres] - Material de Aula [Copiar no Caderno]

Denotação e Conotação na Linguagem Literária

Uma mesma palavra, mergulho, pode ter vários significados, conforme o contexto em se encontre.

Curso de mergulho
DENOTAÇÃO
Temos denotação quando a palavra é empregada no seu sentido real, comum, literal. É usada na linguagem científica, informativa, sem preocupação literária.

Mergulho na História
CONOTAÇÃO
Temos conotação quando a palavra assume um sentido fora do costumeiro, um sentido figurado, poético. A conotação é muito usada na linguagem literária.

EXERCÍCIO

1. Diga em que sentido foram empregadas as palavras assinaladas (denotativo ou conotativo).
a. A margem esquerda do rio era coberta por densa floresta.
b. Vivia à margem da sociedade, fugindo de todos.
c. Após anos de luta e sacrifícios, agora era tempo de colher os frutos.
d. Os frutos maduraram, podemos colhê-los.

2. Dê sinônimos das palavras em destaque, que foram empregadas em sentido figurado.
a. Nem tudo na vida são flores; há também espinhos.
b. Alguns são dregraus para outros subirem na vida.

3. As palavras destacadas nas frases a seguir têm sentido denotativo. Invente uma frase com as mesmas palavras, mas em sentido conotativo (figurado).

Exemplo:
- Construímos um muro de PEDRA.
- Ele tinha um coração de PEDRA, não perdoava ninguém.

a. O abacaxi é uma fruta tropical.
b. Você já experimentou a doçura deste mel?


FIGURAS DE LINGUAGEM

As figuras de linguagem (ou figuras de estilo) são recursos usados na fala e na escrita, para dar à comunicação, força, colorido, ênfase, beleza. Esses recursos de linguagem podem ser classificados em três grupos:

- recursos lexicais;
- recursos prosódicos;
- recursos semântico-pragmáticos.

RECURSOS LEXICAIS

COMPARAÇÃO
"O chocolate foi-se transformando numa massa viscosa e marga. Engoliu-o com esforço, como se fosse uma bola de papel."

Na comparação há sempre dois seres, objetos ou ideias expressos, ligados por uma palavra comparativa (como, tal, qual etc.) que estabelece uma relação de semelhança entre os dois termos comparados.

O chocolate era difícil de engolir COMO  uma bola de papel (é difícil de engolir).


METÁFORA
"O Rio é um feriado. São Paulo é uma segunda-feira."

Feriado é um dia alegre e descontraído.
O Rio é uma cidade alegre e descontraída.
A alegria e a descontração são os elementos comuns entre Rio e feriado.

Segunda-feira é um dia sério e tenso.
São Paulo é uma cidade séria e tensa.
A seriedade e a tensão são os elementos comuns entre São Paulo e segunda-feira.

Temos no exemplo duas metáforas, pois na metáfora existe sempre uma comparação implícita (mental) ou um elemento comuns entre os dois termos comparados.

Comparação: O Rio é como um feriado. São Paulo é como uma segunda-feira.
Metáfora: "O Rio é um feriado. São Paulo é uma segunda-feira."


EXERCÍCIO

- Descubra o elemento comum e faça comparações e metáforas.

a. Esta laranja é azeda. O limão é azedo.
b. Esta fruta é doce. O mel é doce.
c. Aquele juiz é frio. O gelo é frio.
d. Meu amigo é forte. O leão é forte.
e. Sugismundo é sujo. O porco é sujo.
f. A estrada está lisa. O sabão é liso.


METONÍMIA
É o emprego de uma palavra por outra, baseando-se numa relação constante entre as duas.

Há metonímia quando se emprega:

a) A marca pelo produto:
Tomamos uma Brahma.
(Brahma = cerveja)


b) O autor pela obra:
"Passa o dia inteiro dentro do hotel lendo Agatha Christie".
(Agatha Christie = livros de Agatha Christie)


c) O lugar pelos habitantes:
O Brasil exporta café.
(Brasil = brasileiros)


d) O lugar pelo produto:
Trouxe de lembrança um panamá.
(panamá = chapéu)


e) A parte pelo todo:
O fazendeiro tinha duzentas cabeças de gado.
(cabeças = gado)


f) O continente pelo conteúdo:
Bebeu um copo de leite.
(copo = leite contido no copo)


g) O abstrato pelo concreto:
A velhice é prudente.
(velhice = velhos)


h) O  instrumento pela profissão:
Não quis ser professor, preferiu o bisturi.
(bisturi = médico)


EXERCÍCIO

- Que tipo de metonímia há nas frases abaixo?

a. A França produz muito vinho.
b. Shakespeare foi traduzido para o português.
c. Na Bahia, provei um prato gostoso.
d. O rei perdeu o trono (= o poder)



CATACRESE

Temos catacrese quando dizemos, por exemplo:
Embarquei no trem hoje cedo.

OBSERVAÇÃO:
Em sentido próprio, quem embarca deveria embarcar num barco e não num trem; e, para quem entra num avião ou num trem para viajar, qual é o termo? Não existe um próprio; temos, então, de lançar mão de um termo impróprio: embarquei num trem.

Catacrese, portanto, é o emprego impróprio de um termo, por não existir termo adequado para designar certas ações, coisas ou qualidades.


EXERCÍCIO

- Assinale com um traço as palavras que indicam catacrese e com dois as palavras que foram empregadas em sentido próprio.

a. A gaivota retesou as asas.
b. Quebraram-se as asas da xícara.
c. Abria a boca de sono.
d. A boca do forno está fechada.
e. Apoiava o braço na cadeira.
f. Quebrou-se a perna do sofá.
g. Um fio de luz entrava pela janela.
h. Pescava com fio de náilon.
i. Enferrujou-se a engrenagem da máquina.
j. Fazemos parte da engrenagem social.
l. Dê-me uma folha de papel.
m. O coelho come folhas.
n. As asas da xícara estão quebradas.
o. O passarinho bateu asas e voou.

terça-feira, 30 de julho de 2013

6º Ano - Alberto Torres

1.  Leia o poema e faça o que se pede.
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.

a.  Identifique todos os substantivos presentes no texto.
b.  Entre os substantivos encontrados, transcreva os derivados.
c.  Crie nomes próprios para os seguintes substantivos comuns: cão, gato, homem.
d.  Crie substantivos derivados das seguintes formas primitivas: bicho, homem.
e.  Quantos substantivos abstratos existem no texto? Explique sua resposta.

2.  Separe em coluna os substantivos primitivos e dos derivados.
Cabeleireiro – pé – ferrugem – música – pluma – disco – plumagem – dança – cabelo – pedal – dançarina – ferro – portal


3.  Separe em colunas os substantivos simples e os compostos:
Tesoura – véu – ferrovia – chuveiro – pontapé – guarda-noturno – roupa – guarda-roupa – lobisomem – malmequer – cinza – bicicleta

4.  Copie os substantivos coletivos das frases e diga o que eles significam:
a.  Na dúvida, é sempre bom consultar um dicionário.
b.  A assembleia foi favorável à deposição do presidente.
c.  Nas estradas de Mato Grosso do Sul, vemos muitas manadas.
d.  É preciso preservar a flora brasileira.
e.  Geisla está preparando o enxoval do bebê.
f.  Mariana tem uma verdadeira videoteca em casa.
g.  Na hora do casamento, o coro entoou uma bela canção.

h.  Meu vizinho tem uma frota de táxis.

GABARITO
1.   
a.  Bicho, imundície, pátio, comida, detritos, coisa, voracidade, cão, gato, rato, Deus, homem.
b.  Imundície, voracidade.
c.  Cão: Cão-Guarda / Gato: Mulher-Gato / Homem: Super-Homem
d.  Bicho: bicheira / Homem: humanidade
e.  Voracidade

2.   
Primitivos: pé, música, pluma, disco, dança, cabelo, ferro.
Derivados: cabeleireiro, ferrugem, plumagem, pedal, dançarina, portal.

3.   
Simples: tesoura, chuveiro, véu, roupa, cinza.
Compostos: ferrovia, pontapé, guarda-noturno, guarda-roupa, lobisomem, malmequer, bicicleta.

4.   
a.  Dicionário: conjunto de vocábulos e expressões de uma língua, ciência ou arte;
b.  Assembleia: reunião de pessoas com um objetivo determinado;
c.  Manadas: rebanho de gado;
d.  Flora: conjunto das espécies vegetais de uma região;
e.  Enxoval: conjunto de roupas e demais elementos de quem se prepara para casar ou ter um nenê;
f.  Videoteca: coleção de vídeos;
g.  Coro: conjunto vocal;
h.  Frota: conjunto de veículos pertencentes a uma mesma pessoa ou empresa.