quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Euclides da Cunha

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha nasceu em Cantagalo (RJ), em 1866, descendente de sertanejos baianos e de portugueses, e morreu assassinado em 1909, na cidade do Rio de Janeiro.
Tinha ideias republicanas e positivistas. Abandonou a carreira militar, decepcionado com os desmandos do governo republicano.
Como correspondente de O Estado de S. Paulo, seguiu para o interior da Bahia, com a finalidade de cobrir a Revolta de Canudos.
Euclides relata, pela primeira vez, a realidade do sertão brasileiro e as verdadeiras condições de vida do nordestino – razões pelas quais é considerado um pré-modernista. A experiência vivida no local do conflito, as reportagens e os artigos jornalísticos serviram de base à sua majestosa obra Os sertões, escrita em São José do Rio Pardo (SP), no ano de 1902.
Os Sertões têm como núcleo a campanha de canudos, movida pelas forças da República contra Antônio Conselheiro, fanático religioso, e seus seguidores.

A obra divide-se em três partes:
§  A terra – descrição minuciosa da Região Nordeste e de seus aspectos geográficos, físicos e geológicos.
§  O homem – estudo sofisticado dos tipos regionais brasileiros, frutos da miscigenação entre o branco, o índio e o negro, que deu origem ao sertanejo e ao jagunço.
§  A luta – relato do conflito de Canudos, isto é, dos combates entre os jagunços e as quatro expedições do Exército.

Os Sertões foi um livro que causou grande impacto. Não só pelo estilo brilhante, sua linguagem cheia de comparações precisas, mas sobretudo porque relata o cotidiano de um acontecimento histórico que nem se pode chamar de guerra, mas efetivamente de crime – crime de um governo contra seu próprio povo.
Outras obras: Peru versus Bolívia, Contrastes e confrontos, À margem da história.

Observe o estilo de Euclides da Cunha, lendo o texto Canudos não se rendeu, extraído da 3ª parte do livro Os Sertões:

A LUTA
Canudos não se rendeu
Fechemos este livro.
Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados.
Forremo-nos à tarefa de descrever os seus últimos momentos. Nem poderíamos fazê-lo. Esta página, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos.
Vimos como quem vinga uma montanha altíssima. No alto, a par de uma perspectiva maior, a vertigem...
Ademais, não desafiaria a incredulidade do futuro a narrativa de pormenores em que se amostrassem mulheres precipitando-se nas fogueiras dos próprios lares, abraçadas aos filhos pequeninos...
E de que modo comentaríamos, com a só fragilidade da palavra humana, o fato singular de não aparecerem mais, desde a manhã de 3, os prisioneiros válidos colhidos na véspera, e entre eles aquele Antônio Beatinho, que se nos entregara, confiante — e a quem devemos preciosos esclarecimentos sobre esta fase obscura da nossa História?
Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casas, 5.200, cuidadosamente contadas.

VOCABULÁRIO:
Expugnado – conquistado
Cerramo-la – fechamo-la
Vacilante – hesitante, perplexo
Perspectiva – expectativa, esperança
Vertigem – tontura
Arraial – pequena povoação

QUESTIONÁRIO
1.       Onde e quando nasceu Euclides da Cunha?
2.       Que profissão exerceu?
3.       A oba Os Sertões está dividida em três partes. Quais são elas?
4.       De que trata cada uma dessas partes?
5.       Por que o livro Os Sertões causou grande impacto nos leitores da época?

6.    Por que Euclides da Cunha considera uma “página trágica e sem brilhos” o final da luta de Canudos? 

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