Gêneros são as diversas
modalidades de expressão literária.
Entre os principais gêneros,
temos: o lírico, o épico (ou narrativo), o dramático, etc.
1.
GÊNERO
LÍRICO
O gênero é lírico
quando predominam, na obra literária, os sentimentos e as emoções. No gênero lírico
o escritor revela o seu mundo interior, o seu modo próprio de pensar, de sentir
e de interpretar o mundo, as pessoas, as coisas. Por esse motivo, o gênero lírico
é subjetivo.
O gênero lírico recebe
esse nome porque os poemas eram originalmente recitados ao som de um
instrumento musical chamado lira.
Leia os textos a
seguir, e observe como neles predominam os sentimentos e as emoções do
escritor:
TEXTO I
Já eras moça...
Eu, um menino...
Como contar-te o
que passei?
Seguiste alegre
o teu destino...
Em pobres versos
te chorei.
Teu caro nome abençoei.
Vejo-te agora. Oito
anos faz,
Oito anos faz
que não te via...
Quanta mudança o
tempo traz
Em sua atroz
monotonia!
Que é do teu
riso de alegria?
[Manuel
Bandeira, A cinza das horas]
TEXTO II
Tu moça; eu
quase velho... Entre nós dois, que horror,
Vinte anos de
distância. Entre nós dois, mais nada.
E hoje, pensando
em ti, pus-me a sonhar de amor
Somente porque
vi por acaso, na estrada,
Sobre um muro em
ruína uma roseira em flor...
[Vicente de
Carvalho, Poemas e canções]
2.
GÊNERO
ÉPICO OU NARRATIVO
No gênero épico,
o autor se liberta de seu eu e trata com objetividade o ser humano
diante dos mais variados acontecimentos.
As obras épicas ou
narrativas são chamadas epopeias, isto é, longos poemas em que um narrador
conta e celebra as aventuras e feitos grandiosos de heróis auxiliados por
deuses.
Entre as grandes
epopeias, podemos citar: Eneida (do
poeta romano Virgílio), Ilíada e Odisseia (do poeta grego Homero), a Divina Comédia (do poeta italiano Dante Alighieri)
e Os Lusíadas (do poeta português Luís
Vaz de Camões, que será estudado no capítulo Classicismo).
Na Divina Comédia o poeta narra sua suposta
passagem pelo inferno, purgatório e paraíso. Neste último encontra Beatriz, sua
amada. Com Os Lusíadas, Camões narra
as grandes navegações portuguesas e suas descobertas além-mar.
A concepção
moderna de epopeia inclui também os romances que tratam de temas universais,
tais como: Os miseráveis, do escritor
francês Victor Hugo; Guerra e paz, do
russo Leon Tolstoi; A comédia humana,
do francês Honoré de Balzac; O Guarani,
de José de Alencar; Os sertões, de
Euclides da Cunha; Grande sertão: veredas,
de João Guimarães Rosa.
3.
GÊNERO
DRAMÁTICO
O gênero dramático
é um gênero representativo, isto é, atores representam (encenam) um texto. Para
dar vida e movimento ao texto, o gênero dramático recorre a luzes, sons, cores,
cenários, vestimentas apropriadas, coreografias, etc. As representações
teatrais apresentam cenas trágicas (tragédia) ou cômicas (comédia), geralmente
com intenção de criticar os costumes da sociedade ou a vida política.
OBSERVAÇÃO:
Dificilmente uma
obra se enquadra em apenas um gênero literário. Os romances, por exemplo,
apesar de narrativos (épicos, portanto), estão cheios de lirismo.
LEIA, A SEGUIR, O INÍCIO DA PEÇA “O PAGADOR
DE PROMESSAS”, DE DIAS GOMES.
PRIMEIRO ATO
Primeiro Quadro
Zé
(Olhando a
igreja.) É essa. Só pode ser essa.
Rosa pára
também, junto aos degraus, cansada, enfastiada e deixando já entrever uma
revolta que se avoluma.
Rosa
E agora? Está
fechada.
Zé
É cedo ainda.
Vamos esperar que abra.
Rosa
Esperar? Aqui?
Zé
Não tem outro
jeito.
Rosa
(Olha-o com
raiva e vai sentar-se num dos degraus. Tira o sapato.) Estou com bolha d’água
no pé que dá medo.
Zé
Eu também. (Num rito
de dor, despe uma das mangas do paletó.) Acho que os meus ombros estão em carne
viva.
Rosa
Bem feito. Você
não quis botar almofadinhas, como eu disse.
Zé
(Convicto.) Não
era direito. Quando eu fiz a promessa, não falei em almofadinhas.
Rosa
Então: se você
não falou, podia ter botado; a santa não ia dizer nada.
Zé
Não era direito.
Eu prometi trazer a cruz nas costas, como Jesus. E Jesus não uso almofadinhas.
Rosa
Não usou porque
não deixaram.
Zé
Não, nesse
negócio de milagres, é preciso ser honesto. Se a gente embrulha o santo, perde
o crédito. De outra fez o santo olha, consulta lá os seus assentamentos e diz:
– Ah, você é o Zé-do-Burro, aquele que já me passou a perna! E agora vem me
fazer nova promessa. Pois vá fazer promessa pro diabo que o carregue, seu
caloteiro duma figa! E tem mais: santo é como gringo, passou calote num, todos
os outros ficam sabendo.
Rosa
Será que você
ainda pretende fazer outra promessa depois desta? Já não chega?...
Zé
Sei não... a
gente nunca sabe se vai precisar. Por isso, é bom ter sempre as contas em dia.
Ele sobe um ou
dois degraus. Examina a fachada da igreja à procura de uma inscrição.
Rosa
Que é que você
está procurando?
Zé
Qualquer coisa
escrita... pra gente saber se essa é mesmo a igreja de Santa Bárbara.
O PAGADOR DE PROMESSAS
A peça apresenta
Zé-do-Burro, homem simples, cheio de religiosidade misturada com superstição e ignorância,
que faz a promessa de levar uma enorme cruz até a igreja de Santa Bárbara. Rosa,
a esposa, o acompanha.
4.
OUTROS
GÊNEROS
Há ainda outros gêneros: o satírico, que coloca em ridículo uma
pessoa ou situação; o oratório (discurso,
sermão), o epistolar (cartas); o didático (com intenção de ensinar); o humorístico; o jornalístico, etc.
DISCUTINDO OS GÊNEROS
1.
Que são
gêneros literários?
2.
Quais
são as características do gênero literário?
3.
Que temas
o gênero lírico aborda com maior frequência?
4.
Qual é
a origem da palavra LIRÍCO?
5.
Em
que o gênero lírico difere do gênero épico?
6.
Cite algumas
obras famosas (e seus respectivos autores) que pertencem ao gênero épico.
7.
Que é
gênero dramático?
8.
Por que
as representações teatrais assumem grande importância em nossos dias?
9.
As obras
literárias se enquadram apensa dentro de um único gênero?
10.
Que é
gênero satírico?
só faltou as respostas do questionário
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