As redes sociais, no Brasil, surgem muito mais como uma necessidade de comunicação entre os jovens que, cada vez mais, estão incorporando aquele individualismo moderno cujo recuo social torna-se meio de sobrevivência, e no qual este indivíduo consegue resgatar sua identidade sem se perder no turbilhão da cidade, em meio à multidão. Dessa forma, é possível expor suas particularidades, necessidades, e mesmo seu descontentamento diante da vida. É bom lembrar que esse “mito da caverna” chamado Internet não contempla mais uma juventude que já nasceu com essas ferramentas disponíveis; se, antes, com advento da “www”[1] os jovens, num mar de curiosidades e descobertas, ainda tinham a oportunidade e possibilidade de serem anônimos e libertos de certas “amarras sociais”; hoje, esse meio de comunicação ocupa o velho procedimento comum às sociedades de um modo geral: relatar acontecimentos diversos, além de uma necessidade mais contemporânea: ser visível numa camada estratosférica.
Assim, as redes sociais passam a ter um poder na vida de cada indivíduo em qualquer fase da vida: aos juvenis, serve de espelho para divulgar sua “personalidade”, suas preferências, e como armamento pesado aos insultos e agressões, os tão banalizados “bullyings”; aos mais “adultos”, funciona como uma espécie de portfólio cujas informações são mais que porta-de-entrada para galanteios e elogios, são verdadeiros convites ao “adquira-me e levarás um excelente produto”.
Mas nem só de exposição pessoal vivem as redes sociais. Elas estão cada vez mais sendo usadas como veículos de informação; nesse sentido, a divulgação de informações que já era veloz, tornou-se vertiginosa. Nada mais escapa aos olhos da sociedade. É a privacidade cada vez mais perdendo espaço para a necessidade de se saber o que acontece com o mundo, com as pessoas, nada escapa. Tudo vira notícia interessante, até mesmo o “bom dia, acabei de tomar meu café da manhã” tão divulgado nos microblogs.
Chegamos à necessidade fatal e culminante de estar informado sobre tudo e todos, e para que possamos sair intactos, ou menos deteriorados, valem as velhas dicas: filtrar conteúdos, relacionamentos, dados e exposições. É o “doce veneno” do qual não podemos mais nos desvencilhar. Em tempos de evidência, o anonimato é uma masmorra, e as redes sociais são a chave para abrir ou fechar essa prisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário